6-Nossa revolta está crescendo

Abrimos esse blog para pedir as comunidades denunciar crimes contra eles, mas também foi essencial para denunciar tudo o que nós mesmos somos vítimas defendendo, a pedido deles, seus direitos e sua história.
Por enquanto essas comunidades ainda não tiveram a coragem de expressar-se porque eles sofrem a continuidade da escravidão dos seus antepassados. Entre aqueles que mais oprimem são os descendentes de negreiros que espalham terror na região. Eles adaptaram o seu maquiavelismo ao novo contexto da sociedade conectada.
Agora, essa nova forma de escravidão resulta em uma comunicação falsa e distorcida, promessas de campanha não cumpridas, o enriquecimento pessoal à custa das comunidades, desviando subvenções estaduais e federais para projetos ambiciosos e caros, jamais feitos.
Vamos explicar o contexto dessas pesquisas etno-arqueológicas que revelou uma rede de corrupção
insuspeitado e pernicioso.

Imersão em comunidades
Nossa filosofia de trabalho nas áreas da pesquisa etnográfica, arqueológica e ambiental, sempre acompanhada da produção de documentários, tem como principal objetivo valorizar o conhecimento das populações tradicionais para que esses povos esquecidos recuperem sua dignidade e o respeito que merecem em sociedades cada vez mais elitistas e urbanas.
Esses povos são os verdadeiros cientistas da natureza. Você tem que escutá-los.
Esse trabalho do Embaixador dos Povos da Natureza, requer viver em sua comunidade, compartilhar sua vida diária, suas preocupações, suas alegrias, suas atividades. Devemos envolvê-los em nossa pesquisa para evitar cometer erros na interpretação, mas também dar a eles o direito de olhar e controlar tudo o que fazemos.
Questão de respeito e transparência.
Muitos quilombolas como João participaram ativamente das escavações e acompanharam diariamente a evolução e o resultado das pesquisas.

Comunidades nos apoiam.
Durante longos meses nas comunidades, Magnólia viveu em estreita simbiose e amizade com os quilombolas que a acompanhavam e a guiavam todos os dias para ajudá-la a descobrir sua cultura e traços de sua história.
Valdirene, graças à nossa introdução, permaneceu em contato com essas comunidades após nosso impossível retorno, devido a ameaças desse esquema de Bacuri.
O advogado dos quilombolas, Breno, que se ofereceu de graça para a nossa causa, também recebeu ameaças.
Aqui ela nos dá seu testemunho, após a brutal tentativa de apreensão dos objetos pela polícia.


áudio : Apoio comunidadeApoio comunidade

Transcrição do testemunho da Valdirene.
« A comunidade esta te defendendo você e François com unhas e dentes. Estou sendo se-exponde para defender vocês.
Outra : Trata eles porque eles não estão acostumados ainda com esse jeito. Tá bom ? Trata eles com carinho porque são teus amigos, são teus parceiros. Eles estão lentos, claro, porque eles não estão acostumados com essa turbulência. Foram pego de surpresa. Não foram preparados. Então tenha paciência com eles, muita paciência.
Eles não deixaram. Porque acontece que ninguém levou nada de lá ontem. Ninguém levou nada de lá não. Eles não deixaram ninguém levar. Não foi que saiu, não deu o carro, não deu para, não. Não houve conversa assim não. Eles não deixaram ninguém levar nada.
Então são pessoas que estão te defendendo, botando a cara a tapa, sem saber nem de que se trata.

Como todo essa situação de Bacuri nunca Palmares foi ouvir a comunidade, a secretaria de igualdade nunca foi ouvir a comunidade, a secretaria de coordenação de igualdade no município nunca foi ouvir a comunidade.
Aquela comunidade gosta muito de vocês. Faz de tudo para você não decepcionar eles, porque assim eles gostam muito, te defendem com unhas e dentes. Eu disse para eles: Teve uma coisa boa de que toda essa confusão aí para a gente ver quem é quem, para você ver que são os verdadeiros amigos, que realmente está no teu lado. Tá bom?
O Breno se afastou de você mas ele está por debaixo do pano verificando um monte de coisa é que nós vamos juntando provas contra esse monte de vagabundo porque ele fora por cima deles. Eles foram para cima de Breno sem querendo, e Breno ficou preocupado!
Porque o que passando prejudica mesmo, que vai ser prejudicado, é a comunidade. Porque eu acredito assim que vocês deram, ajudaram a comunidade, orientar a comunidade. Se não fosse vocês eles não descobrirão como é que está manobra, que você estão usados como manobra, principalmente por esse tal de Batista Filho e a equipe deles lá.
Então eu fiquei bastante chateada e mais chateada ainda porque, não é porque a gente é negro, do interior. Mesmo do interior, você tem que não conhece seus direitos? Caramba televisão tem para isso! Se você só assistindo a novela, novela, novela…
Você tem que assistir jornais, telejornais, documentário que te mostra qual é o teu direito, o direito da polícia enfim!
Mas é incrível, incrível!


Mas como ja falei pra eles, estou disposto pra ajudar e pra dar suporte, minha Irma. Não esta fácil também pra me Magnólia, não esta fácil! Pode te dizer que a coisa esta bem complicada pra me também! »

Assuntos inéditos e difíceis
Nossa especialidade é trabalhar sobre assuntos inéditos que exigem muita exploração em condições muitas vezes extremas.
No caso do sumidouro tivemos que viver dois meses e meio debaixo da barraca em condições difíceis e perigosas. O isolamento dessa região é propício ao refúgio de bandidos, perseguidos pela polícia.
 Na estação das chuvas, muitos animais com mordidas dolorosas ou venenosas, aparecem. Cobra de duas cabeças, lacraias gigantescas, tarântulas, cobra cascavel, invasão de formigas de fogo.
 Em várias ocasiões nosso acampamento quase foi levado por violentas tempestades, nossa comida nem sempre foi garantida.
14 horas por dia tivemos que cavar, limpar, restaurar, fortalecer, transportar sob chuva forte em terreno escorregadio.

Tempo e abnegação.
Esse trabalho requer muito tempo gasto no campo, imerso no meio ambiente e nas comunidades. Por exemplo, nossa pesquisa sobre a barragem de Belo Monte exigiu um ano de investigação e filmagem na Volta Grande do Xingu.
Para preparar o nosso projeto « memórias dos naufrágios e da escravidão » foram necessárias três missões de exploração de três meses cada um (total de nove meses), financiadas integralmente pelo nosso dinheiro pessoal. Você conhece muitos pesquisadores que concordam trabalhar nessas condições?
Para segurar o local e na expectativa de um futuro memorial sobre a escravidão, tivemos que passar uma semana recuperando 100 pedaços de pau de um roçado queimado para roça, cortar folhas de palmeira, instalar uma enorme lona, pra proteger o sitio de vandá-los e da chuva.

 A indecência de nos acusar de « contrabando ».
Todas as pesquisas preventivas que realizamos durante essas três missões, fizemos em estreita colaboração com as comunidades quilombolas.
No Bitíua, em 2016, em colaboração com a comunidade, sob a direção de Maria e Filhinha, presidente da Associação Quilombo, escavamos importantes vestígios de um engenho que havia sido enterrado nas profundezas da terra.
Nós os aconselhamos a construir um abrigo em Bitíua para guardar os objetos longe do roubo e do mau tempo.
Nessa entrevista, Maria, líder indiscutível do Quilombo Bitíua, demonstra que ela entendeu imediatamente o que nosso projeto pode trazer aos quilombolas para preservar e restaurar sua história através da etno-arqueologia.

Video   https://youtu.be/2KyzYcKl_zsMaria-Bitíua-yt

 Transcrição dessa entrevista da Maria
Eles falaram que tem um lago, que eu não sei onde é esse lago, que colocaram forno de cobre, que tiraram daqui arrancaram e jogaram pra lá ! Não sei onde fica esse local. Então acredito que ai tem muita coisa jogada... infelizmente, que agente não tem como ir buscar, resgatar !
Mas com ajuda de vocês, agente vai resgatar um pouco das nossas coisas, tenho certeza disso, confio. Primeiro lugar agente confia em Deus! Porque o que eu mais quero é resgatar essas coisas daqui, pra meus netos, pra meus filhos, conhecer um pouco da nossa realidade dos antepassado, do povo, porque essa comunidade já sofreu demais, os negros!

Sempre deixamos os objetos sob a responsabilidade da comunidade, como em Bragança, Viseu, Portugal, Bitíua, Mutaca, Turiaçu. Soledade, etc ...
Na Soledade, em novembro de 2018, essa jóia encontrada por uma garotinha, ou essa cerâmica descoberta por um quilombola, permaneceu sob a responsabilidade de seus descobridores.
Por que sempre quer possuir? Nossos acusadores são os primeiros a roubar a herança dos outros, como fizeram com os objetos de Portugal.
Em janeiro de 2018, essas pedras polidas foram-nos oferecidas em uma região do Pará por uma família que apaixonou por essa material encontrado onde morava. Para as proteger do roubo na sua casa, doavam-los pro projeto e registravam a doação em cartório.
Infelizmente não sabíamos que esse esquema, com a cumplicidade da polícia local, seria os ladrões.
Muitos membros das comunidades do Maranhão e do Pará nos disseram que pesquisadores e acadêmicos abusaram de sua confiança emprestando objetos que nunca devolveram.
Os membros dessas comunidades também vendiam itens históricos para ferro velho ou colecionadores. É o caso de uma grande panela de cobre que ficava ao pé de uma árvore no Lago, e que uma pessoa da comunidade revendeu para um comerciante de ferro velho por 10 reais ...
Um eixo de barco desapareceu em Mutaca ...
Muitos objetos do Bitíua foram vendidos por membros da comunidade para pessoas que passavam ou até mesmo para a prefeitura, como nos disse o ex-prefeito Aurino. Todos esses objetos sumiram.
É para evitar esse saque e proteger esses objetos patrimoniais que os agrupamos em cada lugar sob a responsabilidade de uma pessoa da comunidade.
Esses cachimbos foram encontrados por um índio na região do Pará. Segundo nossa pesquisa, eles viriam da equipe do francês Daniel de La Touche na época de sua expedição à Amazônia, em 1613.
Esse índio ofereceu-los pra nós. Nós recusamos e o aconselhamos a mantê-los preciosamente enquanto esperávamos o inicio do nosso projeto.
Em Portugal, fomos emprestados uma casa para guardar no abrigo da chuva e da luz todos os objetos da história desta região.
 Mas infelizmente não estava contando com esses pessoas que não têm respeito por ninguém, muito menos por objetos que eles são incapazes de dar um valor científico, cultural ou patrimonial.
A brutalidade com que eles roubaram esses objetos em Portugal e jogou-os na praça pública de Bacuri, fala melhor sobre sua ignorância e desrespeito da herança brasileira.
Algumas pessoas mal-intencionadas, quando nos viram com o detector de metais, imediatamente fizeram o boato de que estávamos procurando por ouro ou tesouro. Porque essas pessoas tem a obsessão do dinheiro, ainda mais dinheiro?
Acha que se alguém quisesse procurar ouro ou um tesouro, teria procurado um sumidouro?
Acha mesmo que os traficantes jogaram os seus escravos nesse sumidouro cobertos de ouro ou de pedras preciosas?
O que nos revolta mais nessa conspiração contra nós, não é só a violência, covardia, traição dos membros desse esquema, mas também sua estupidez, ignorância, e desprezo das comunidades.
Esses conspiradores não entenderam que a felicidade é compartilhar.


Eles viram em nós só uma oportunidade de ganhar dinheiro, roubar nossa pesquisa e o fruto do trabalho da comunidade, explorando e expropriando os quilombolas...
Não há palavras fortes o suficiente para descrever esse maquiavelismo. Eles são tão ruins que já estão começando a se matar. Edson, que nos traiu para melhor servir seu mestre Antônio, entrou com uma queixa contra ele. Em troca, Antonio mandou que ele deixasse a fazenda ...

 
Uma descoberta excepcional
Nossa revolta é também que todos os nossos perseguidores não entenderam a qualidade do nosso trabalho e as excepcionais descobertas que se seguiram.

Vamos manter em segredo o resultado dessa pesquisa, a única coisa que eles não poderiam roubar. Porque são incapazes de compreender os objetos que roubaram, incapazes de compreender a organização desse sumidouro.
Seu banditismo é estéril, vazio de todo bom senso.
Tudo o que nós encontrávamos sobre esse sumidouro vai contra a teoria dos historiadores ou da memória coletiva. Eu não direi mais. Só revelaremos esses dados se tivermos a oportunidade de continuar trabalhando livremente neste tópico, com segurança e em estreita colaboração com as comunidades.

10 anos de experiência
Nunca havíamos feito pesquisas arqueológicas no Brasil. Mas temos dez anos de experiência, por exemplo, em um sítio galo-romano de extrema importância na França, ou no naufrágio da Hermione, afundado em 1793 na costa francesa. Esta fragata é mítica. Em 1780 ela transportou La Fayette para ajudar os americanos a obter sua independência.
Nós emergíamos muitos objetos, a âncora e duas canhões que estão expostas ao museu de Nantes.

O pirata francês
Quando vejo no título de um blog: « a pirataria francesa », tenho muita dificuldade em não sorrir com tanta estupidez e ignorância do contexto do nosso trabalho.
Eu era o único francês da equipe, todos os outros brasileiros eram voluntários, como eu.
Então, por que centrar essas acusações em mim, ou Magnólia como companheira de um francês? Por racismo, nacionalismo ou vingança? Porque são os franceses e os ingleses que perseguiram aqui os seus antepassados, os últimos comerciantes de escravos?
Valdirene Chagas, coordenadora de 12 municípios na Fundação Palmares, nos pediu para realizar escavações arqueológicas na sua comunidade de Soledade com a colaboração de todos quilombolas e bem diante de nossos escavações no sumidouro. Por que não somos nesse caso todos acusados de pirataria, saques, contrabando?
Quando ela nos pediu para procurar na comunidade de Deus Quem Sabe, um ex-casarão, devemos ser acusados de reincidência?
Então, por que só nós? Por que Valdirene e todas as comunidades que participaram das escavações não são perseguidos?
Por que os pescadores trazendo de volta âncoras muito antigas ou outros objetos em suas redes também não são perseguidos?
A pergunta é feita, e queremos uma resposta para decidir continuar ou não colaborando para tornar mais conhecida a história do Brasil e valorizar os Povos da Natureza, ou esses quilombolas, descendentes de escravos, ambos desprezados e marginalizados.

Alto banditismo
Esses descendentes de traficantes de escravos têm apenas um objetivo: com a riqueza que herdaram de seus ancestrais, continuam a explorar seus « negros », enfraquecidos por séculos de opressão, tortura, servidão, que não lhes davam nenhuma chance, mesmo liberados, de conseguir sua autonomia.
Todos aqueles que tentam se rebelar são colocados fora de perigo, ou forçados a encontrar o « caminho certo » imposto por esses negreiros modernos.
Todos aqueles como nós, que estão tentando ajudar esses quilombolas a recuperar sua liberdade e dignidade, são então massacrados pelos esses negreiros com ainda mais violência porque nos vêem como traidores
disruptivos de sua « causa » e como elemento externo que traz um olhar crítico dessa escravidão moderna e os impede de perseguir seus crimes clandestinos.

12  artigos que explicam tudo em detalhes
Explicamos em detalhes nos 11 artigos desse blog todas as mentiras e irregularidades cometidas por todos os atores desse esquema.
 

1-vítimas de uma conspiração
2-Resposta a « nova pirataria francesa em comunidades quilombolas »
3-Destruição de um tesouro patrimonial
4-Irregularidades jurídicas e policiais
5-Policial « mulher maravilha » continua com suas ações ilegais
6-Nossa revolta está crescendo
7-Klíssia Jessica Fonseca Ferreira
8-Ed Wilson Aráujo
9-Por suas mentiras, Ed Wilson Araújo é premiado
10-Pablo o ex-funcionario do Iphan
11-a feira dos opportunistas
12-Mentiras do diabo